2006-11-08

ACÇÃO e VONTADE

" Entre as coisas que realizamos, umas fazemo-las voluntariamente, porque queremos fazê-las; outras fazemo-las sem querer.
Fazemos voluntária ou intencionalmente as coisas que fazemos querendo fazê-las, com conhecimento e de propósito.
Nestes casos dizemos que temos a intenção ou o propósito de fazer o que fazemos.
No entanto, também há coisas que fazemos sem querer fazê-las, como ressonar, espirrar, tiritar de frio, ou transpirar de calor, actos todos eles que não está nas nossas mãos controlar. Cantamos porque queremos, ressonamos mesmo que não queiramos.
Às vezes também fazemos algo involuntariamente, como consequência não prevista de uma acção não intencional. Matamos voluntariamente um mosquito que penetrou no nosso quarto de dormir, mas matamos involuntariamente o insecto que se cruza no nosso caminho e que pisamos sem o ter visto enquanto andávamos. Abrimos a lata de espinafres e involuntarimente cortamos o dedo.
Queremos servir café nas chávenas, mas por um descuido (ou por um defeito da cafeteira) entornamos o café e manchamos a toalha, sem o pretendermos (inclusive lamentamo-lo).
Normalmente só nos consideram responsáveis pelas coisas que fazemos voluntariamente, não pelas coisas que nos acontecem ou que fazemos sem nos darmos conta ou sem querer.
(Uma excepção é a negligência culpável.)
A intencionalidade é um pré-requisito do mérito ou da culpa.
J. MOSTERÍN