NATUREZA AGREDIDA
" Longo foi o atraso com que se tornou consciente o perigo de uma alteração irreparável do equilíbrio ecológico do planeta, devido ao processo de industrialização, ao crescimento da população e à poluição. O processo de desenvolvimento não solidário seguiu em frente por sua conta, cegamente, sem mecanismos correctivos internos. E, apesar dos primeiros alarmes e dos primeiros movimentos, continua a actuar assim ainda hoje. Deste modo, a reacção dar-se-á apenas depois de suceder uma catrástofe.
É a perda, o mecanismo da perda, aquele que está para se tornar dominante. É a ameaça, o perigo físico, o medo sentido sobre si, sobre os seus próprios filhos, que leva as pessoas a interrogar-se sobre o que se está a fazer e o que realmente tem valor. Os novos objectos de amor não se estão a afirmar com o nascer, mas com a perda. Foi a vista dos rios poluídos, dos lagos sem peixes, das praias cobertas de alcatrão, dos mares putrefactos de algas, dos pássaros mortos, a despertar o interesse ansioso pela Natureza. Foi a notícia do buraco do ozono, do perigo de que se estenda a territórios habitados, que fez olhar pela primeira vez, com apreensão, para o ténue extracto de atmosfera que circunda a Terra, a compreender, pela primeira vez, como se é vulnerável, indefeso, frágil, como são precárias a Natureza e a Vida. "
F. Alberoni, Génese
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