Era da COMUNICAÇÃO ou Era do ISOLAMENTO?
Comunicação, Tecnologias da Comunicação, Meios de Comunicação, Técnicas de Comunicação… O termo parece ter um efeito quase mágico para o Homem contemporâneo! Televisão; computador; telemóvel; ipod; câmaras de vídeo-vigilância… Aí estamos nós, parece, em constante acto de comunicação, em estado de alerta para comunicar, em disponibilidade e atitude de acolhimento comunicativo…
Será !???
A comunicação estará garantida à partida pelo suporte tecnológico?
O processo que vai desde os tambores, dos sinais de fumo ou da comunicação através de superfícies espelhadas até à Internet - que nos consegue levar até ao sítio mais afastado do planeta - evidenciam, precisamente, o aumento em grau, profundidade e qualidade do acto comunicativo entre os seres humanos ?
Teremos que, antes de mais, questionarmo-nos acerca do que significa comunicar… Comunicar será dizer algo… ou dizer-se? Quando comunicamos, verdadeiramente, comunicamos algo, ou comunicamos o que somos, transmitimo-nos aos outros?
Se comunicar for o acto do ser humano se dar a conhecer, naquilo que ele é e/ou anseia por ser, então as estruturas tecnológicas da comunicação não são garantia, por si mesmas, de verdadeira comunicação – elas não passam de suportes, de instrumentos. Como olhar para os nossos processos comunicativos (de) hoje?
Nomeadamente, se olharmos à nossa volta, podemos questionar a qualidade da comunicação que fazemos. Cada vez privilegiamos mais a comunicação indirecta, veja-se o caso dos telemóveis: em nome da rapidez e eficácia, a comunicação é feita sem recurso à presença física, e mesmo as gerações mais jovens prescindem já do acto comunicativo pela voz pois escolhem, cada vez mais, as mensagens escritas, em código sucinto e pouco dado à exposição de sentimentos profundos.
Por outro lado a maravilhosa Internet pode levar-nos a comunicar a distâncias inimagináveis, com gente com que, de outro modo, nunca entraríamos em diálogo, mas… será que as pessoas com quem comunicamos existem realmente, ou são produções virtuais que, de facto, não existem – e se assim for, existirá comunicação?!
O próprio entretenimento deixou de ser uma possibilidade de partilha colectiva: podemos ter várias pessoas, no mesmo espaço, a visionarem diferentes filmes e a ouvirem músicas diversas… como podem eles partir de um ponto comum para o diálogo e para o conhecimento mútuo?
Olhemos para o Jogo: cada vez mais é um assunto individual – eu e a minha máquina!
As próprias famílias podem estar a viver no mesmo espaço físico, mas em universos paralelos que jamais se encontram: é comum, cada vez mais, a anulação da refeição familiar que acaba por ser trocada pelo jantar diante do meu apetrecho tecnológico preferido, na intimidade do meu mundo tecnológico…
Deveremos pois questionarmo-nos se realmente comunicamos, ou se a nossa comunicação é mais ficcional do que real… Os instrumentos tecnológicos de comunicação são isso mesmo: meios, mas não garantem, por si só, a verdade e a profundidade do (muitíssimo humano) acto de comunicar.
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