Um passeio pelo Percurso Cartesiano
Como vimos, Descartes elabora um método para a condução da Razão. O seu objectivo é conhecido: alcançar um conhecimento seguro, necessário e universal.
Para facilitar a compreensão do percurso cartesiano vamos traçar o seu itinerário que vai desde a Dúvida, radical e demolidora, passando pelo encontro com a primeira Evidência (a substância pensante, o cogito), o aparente fim de percurso – aparentemente sem saída - no solipsísmo (solidão absoluta e radical do Eu), e, por fim, a descoberta que a existência afinal é partilhada e antecedida ontologicamente por uma Existência outra.
Para facilitar a compreensão do percurso cartesiano vamos traçar o seu itinerário que vai desde a Dúvida, radical e demolidora, passando pelo encontro com a primeira Evidência (a substância pensante, o cogito), o aparente fim de percurso – aparentemente sem saída - no solipsísmo (solidão absoluta e radical do Eu), e, por fim, a descoberta que a existência afinal é partilhada e antecedida ontologicamente por uma Existência outra.
Vamos apresentar uma série de anotações de percurso, como quando queremos orientar alguém em direcção a um determinado lugar, sem que se perca.
Deixando de lado um pouco do rigor filosófico, vamos oferecer, de modo muito simplificado, o itinerário seguido por Descartes (a primeira parte) para que se torne mais perceptível o caminho filosófico proposto, na sua obra ‘Discurso do Método’:
1- A Razão está distribuída universalmente.
2- A Razão é: a capacidade de distinguir o verdadeiro do falso.
3- O Método começa por: nada aceitar sem ser sujeito primeiro à dúvida,
e só aceitar o que for claro e distinto, isto é, indubitável.
4- Duvidar da existência da realidade exterior;
5- Duvidar da existência do meu corpo;
6- Duvidar do meu próprio pensamento/raciocínio;
7- Duvidar da minha própria existência.
8- Mas duvidar é um acto de pensamento. E para pensar tenho de existir…
Então: se Penso, Logo Existo – Cogito Ergo Sum.
9- Duvidar é sinal de imperfeição.E dou-me conta de que a perfeição seria conhecer;
10- O ser pensante dá-se conta de que possui em si – nele, ser imperfeito – a ideia de perfeição.
Esta ideia não pode ter origem no cogito (sujeito pensante): o conteúdo (ideia de perfeição) transcende o continente (o ser imperfeito) – isso é racionalmente inaceitável;
Dito de outro modo: o efeito (ideia de perfeição), não pode ultrapassar a sua causa (ser imperfeito);
11-Se há uma ideia no sujeito pensante, que dele não provém, então existe Algo que é causa dessa ideia que em si o cogito encontra, mas que não originou;
12- Só um ser perfeito pode ser causa de tal ideia…
A esse ser perfeito aceitemos chamar-lhe ‘Deus’ – Deus existe.
E o Eu já não está só.
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