2005-02-14

Blade Runner


Blade Runner (1982)

Ridley Scott – Nascido em Inglaterra em 1937

Argumento de Philip K. Dick (“Do Androids Dream of Electric Sheeps?” de 1968 com a tradução em Português do Brasil intitulada “O Caçador de Andróides”)

Música de Vangelis

Do mesmo realizador ficaram na memória filmes como Alien – o 8º Passageiro (1979), Chuva Negra (1989), Thelma & Louise (1991), 1492: Conquista do Paraíso (1992), G.I. Jane (1997) e O Gladiador (2000). Atrevo-me a afirmar que nenhum deles alcança a qualidade deste Blade Runner, tornado filme de culto das mais variadas áreas de interesses. A nós desperta-nos a abordagem filosófica. Pela culturalmente muito significativa metáfora do olhar, do olho e da visão. O filme está povoado de olhos como se num olhar específico se encontrasse o refúgio final de uma espécie ameaçada. E de qual delas?

O filme antecipa uma época, datada de 2019, mas que significa mais do que um ano ou um lapso de tempo isolado pela criatividade do autor. O que se antecipa é um percurso, uma possibilidade e um fim. O Filme é uma hipótese. Desenha-se uma era civilizacional, e nessa antecipação a criatividade segue outros génios do género. Revive-se a obra-prima que foi Metropolis. Mas com isso nada perde este filme. Pelo contrário.

Tudo está no sítio certo como hipóteses seguras na estrutura de uma teoria. Todos os planos são pormenores cruciais. O edifício social desta decadente comunidade representada, absolutamente cibernética, na qual o engenheiro-cientista Tyrrell, do alto da sua torre que tudo lhe permite ver, se pronuncia como divindade criadora, planificadora e dominadora do destino de cada um. A continua torrente que inunda este mundo técnico em absoluto declínio. A necessidade vital do controlo da natalidade figurada na gueixa omnipresente, feliz, depois da pílula contraceptiva. Tudo está onde deveria estar e dá consistência à questão definitiva: o que é “ser humano” num mundo técnico-científico? Que critério usar para distinguir «artificial» e «humano»?

O filme é uma obra pessimista….é verdade. De tal modo que os produtores exigiram um final feliz não fossemos nós ficar deprimidos. Há alertas que não se escondem nem se iludem….nem com um Happy End.

[* Pequena nota de correcção ao artigo anterior acerca de A Laranja Mecânica. Aí se chamou «Giacomo» a Rossini. Claro que o lapso se deveu ao facto de, na altura, termos pensado nesse génio italiano da composição musical que foi Puccini. Esse sim, «Giacomo». Estoutro génio, que nos desculpe a distracção, chamava-se «Gioacchino». Para que conste, Gioacchino Rossini (1792 – 1868), italiano, compositor da ópera Guilherme Tell, cuja overture ouvimos em A Laranja Mecânica de Kubrick…..e com prazer!]

AB