DIVERSIDADE de CULTURAS
O mundo deixou de ser uma casa grande, mas de divisões fechadas e com pouca comunicação entre si. As portas entre as diferentes salas estão praticamente escancaradas e os seus habitantes passam de uma para outra... Novidades atravessam as diferentes salas e chegam depressa ao outro lado da casa... É assim o nosso mundo: tornou-se mais pequeno, mais comunicante, com menos fronteiras estanques.
Sempre houve migrações no nosso planeta - sim. Mas agora elas fazem-se muito rapidamente e a comunicação é mais do que rápida. As trocas fazem-se a diversos níveis , diferentes profundidades e intensidades. Nem sempre felizes, é certo, ainda nos matamos porque não nos entendemos, porque a diferença é ainda vista como uma ameaça e potencia equívocos vários.
O prédio de uma grande cidade pode ser habitado pelo mundo: cada família é proveniente de diversos espaços culturais muito distantes uns dos outros - e esta distância efectua-se a vários níveis: psicológico, alimentar, crenças, hábitos, roupas e aspecto... E mesmo as nossas aldeias não escapam já ao fenómeno. Se acaso não existisse uma família de 'estrangeiros' a televisão e a 'net' encarregam-se de trazer o mundo distante até casa.
É aqui que entra a questão da DIVERSIDADE CULTURAL e do DIÁLOGO entre CULTURAS: a questão que se coloca não é apenas a da convivência mais prática, mas como viver, optar, proteger ou combater os nossos valores mais tradicionais e os estranhos entretanto chegados.
A problemática não é de fácil resolução,nem até de avaliação. A tentação do facilitismo de tudo equiparar, ou de tudo querer abarcar e operar um sincretismo de valores, pode trazer perigos e injustiças: deveremos aceitar, na Europa, o hábito cultural da excisão de raparigas? teremos que proibir nas escolas e nas empresas os festejos e decorações de Natal porque estes podem ser ofensivos para os outros que não se inserem nem são originários de países de maioria cristã? a um trabalhador não deve ser permitido usar um símbolo religioso num qualquer local de atendimento ao público (pode ofender os crentes de outras fés e os descrentes)?...
Muitas outras questões podem ser colocadas, mas a grande verdade é que temos mesmo de viver juntos e o 'separatismo' rácico e cultural - descontando até aspectos éticos - não tem futuro pois é irrealista. Mas o problema central persiste - como entrar em diálogo na diversidade (mas será possível um diálogo na mesmidade?!!)?
Seguem-se discussões e pensamentos a voar pela sala nas próximas aulas!