2006-03-19

uma síntese...

“No reino dos fins tudo tem preço ou dignidade. Aquilo que tem preço pode ser substituído por algo equivalente; em troca, aquilo que se encontra acima de qualquer preço e, portanto, não admite nada equivalente, isso tem dignidade.
Aquilo que se refere às inclinações e necessidades do homem tem um preço comercial; aquilo que, sem supor uma necessidade, se conforma a um certo gosto... tem um preço afectivo; mas aquilo que é a condição para que algo seja fim em si mesmo, isso não tem meramente um valor relativo ou preço, mas tem um valor absoluto, isto é, dignidade.
A moralidade é a condição para que um ser racional possa ser fim em si mesmo, porque só por ela é possível ser membro legislador no reino dos fins.
Assim, pois, a humanidade, enquanto é capaz de moralidade, é a única que possui dignidade.”
I. Kant, Fundamentação da Metafísica dos Costumes
JC

e agora, uma questão...

Concorda com a Metáfora: “A responsabilidade torna-nos reis”. Procure a colaboração do(a) professor(a) e tente o debate no seio da turma.
JC

A Responsabilidade

“Ao contrário do menino malcriado e cobarde, o responsável está sempre disposto a responder pelos seus actos: "Sim, fui eu!" (...).
A essência da responsabilidade, se te interessa sabê-lo, não consiste apenas em termos a galhardia e a honradez de assumirmos os próprios erros sem buscarmos desculpas à direita e à esquerda. O sujeito responsável está consciente do carácter real da sua liberdade. E emprego real no duplo sentido de autêntico ou verdadeiro, mas também de próprio de um rei: aquele que toma decisões sem que ninguém superior lhe dê ordens.
Responsabilidade é saber que cada um dos meus actos me vai construindo, me vai definindo, me vai inventando. Ao escolher o que quero fazer, vou-me transformando pouco a pouco. Todas as minhas decisões deixam marca em mim, antes de a deixarem no mundo que me rodeia. Por isso não posso queixar-me ou assustar-me com o que vejo no espelho quando me olho...”
F. Savater, Ética para um JovemEd. Presença, Lisboa
JC

2006-03-18

A questão da Liberdade Humana

“O homem isolado não pode ter consciência da sua liberdade. Ser livre, para o homem, só é possível por outro homem, por todos os homens que o rodeiamA liberdade não é, pois, um factor de isolamento mas de reflexão mútua, não de exclusão mas, pelo contrário, de união, pois a liberdade de cada indivíduo não é outra coisa senão o reflexo da sua humanidade ou dos seus direitos humanos na consciência de todos os homens livres, seus irmãos, seus iguais. Não posso dizer-me e sentir-me homem livre senão na presença de outros homens. Não sou verdadeiramente livre senão quando todos os humanos que me rodeiam, homens e mulheres, são igualmente livres, A liberdade do outro, longe de ser um limite ou a negação da minha liberdade, é, pelo contrário, a sua condição necessária e a sua confirmação, Não me torno verdadeiramente livre senão pela liberdade dos outros.”
Bakunin, A Liberdade, Jucar, Madrid
JC

2006-03-15

AS REVOLUÇÕES CIENTÍFICAS segundo THOMAS KUHN

CIÊNCIA NORMAL e PARADIGMA
" Neste ensaio, 'ciência normal' significa a pesquisa firmemente baseada em uma ou mais realizações científicas passadas. essas realizações são reconhecidas durante algum tempo por alguma comunidade científica específica como proporcionando os fundamentos para a sua prática posterior.
(...)
O estudo dos paradigmas (...) é o que prepara basicamente o estudante para ser membro da comunidade científica determinada, na qual actuará mais tarde. uma vez que ali o estudante se reúne a homens que aprenderam as bases do seu campo de estudo a partir dos mesmos modelos concretos, a sua prática subsequente raramente irá provocar desacordo declarado sobre pontos de vista fundamentais. Homens cuja pesquisa está baseada em paradigmas partilhados estão comprometidos com as mesmas regras e padrões para a prática científica. Esse comprometimento e o consenso aparente que produz são pré-requisitos para a Ciência Normal, isto é, para a génese e a continuação de uma tradição de pesquisa determinada. "
THOMAS KUHN

REVOLUÇÃO CIENTÍFICA E MUDANÇA DE PARADIGMA

" As revoluções políticas iniciam-se com um sentimento crescente, com frequência restrito a um segmento da comunidade política, de que as instituições existentes deixaram de responder adequadamente aos problemas postos por um meio que ajudaram a criar. De forma muito semelhante, as revoluções científicas iniciam-se com um sentimento crescente, também restrito a uma pequena subdivisão da comunidade científica, de que o paradigma existente deixou de funcionar adequadamente na exploração de um aspecto da natureza, cuja exploração fora anteriormente dirigida pelo paradigma. Tanto no desenvolvimento político como científico, o sentimento de funcionamento defeituoso, que pode levar à crise, é um pré-requisito para a revolução. "

THOMAS KUHN

O Conceito de PARADIGMA - Thomas Kuhn

" Introduzida em epistemologia no início dos anos sessenta, do século passado, a noção de paradigma, estreitamente ligada a outras noções tais como ciência normal, ciência extraordinária e revolução, constitui uma das peças-chave da explicação de Kuhn do desenvolvimento científico.
(...).
A particularidade da investigação científica resulta de ser regulada pela adesão dos participantes a um conjunto de paradigmas. Com efeito, um paradigma é um 'mito fundador' de uma dada comunidade científica. Consiste geralmente num sucesso científico exemplar, como os Principia de Newton ou a Teoria da Combustão de Lavoisier. Após tais descobertas, não se interroga mais a natureza como se fazia até então.
(...)
Um paradigma inaugura uma tradição de investigação, e uma comunidade científica define-se pela adesão dos seus membros a essa tradição. "