2008-01-16

Ética e Prática

As normas éticas não são apenas matéria de idealização ou desenvolvimento abstracto/intelectual, elas, como valores que são, dirigem-se à vida concreta dos humanos, inscrevem-se no seu quotidiano, e aí, devem iluminar as suas opções e acções concretas.
Neste sentido, os valores éticos são para aplicar - mas não de um modo cego e destituído de inteligência e bom senso.
Aliás, há que sempre ter em conta que os valores são hierarquizáveis, não se situam no mesmo plano, no mesmo grau de importância e aplicabilidade.
As circunstâncias obrigam a rever e a testar a aplicabilidade dos nossos valores. Acima de tudo há que fazer o esforço de nos situarmos na nossa hierarquia e valores e ter um correcto sentido da realidade.
" Algumas pessoas pensam que a ética é inaplicável ao mundo real por a encararem como um sistema de regras curtas e simples do tipo 'não mintas', 'não roubes', ou 'não mates'. Não admira que quem adopta esta visão ética pense que não se adapta às complexidades da vida. Em situações invulgares, as regras simples entram em conflito; e,mesmo quando isso não acontece, seguir uma regra pode levar ao desastre. Em circunstâncias normais pode ser um mal mentir, mas no caso de uma pessoa que vivesse na Alemanha nazi e a quem a Gestapo batesse à porta à procura de judeus, por certo seria correcto negar a existência de uma família judia escondida nas àguas furtadas.
(...)
As consequências de uma acção variam de acord com as circunstâncias em que é praticada.
(...)".
P. Singer
Ética Prática