2005-02-28

Dark City



DARK CITY – Cidade Misteriosa

2 de Março de 2005


Realizador: Alex Proyas

Origem: EUA/ Austrália, 1997

Duração: 100 min.

Elenco: Rufus Sewell, Kiefer Sutherland, Jennifer Connelly


O universo das hipóteses é imenso. Tentemos, contudo, sintetizar rapidamente o interesse deste filme. Para nós.

Numa certa abordagem o seu interesse é ontológico: Até que ponto a realidade é real? (parafraseando um título famoso); ou ainda, que distância existe entre a “memória” e “o que é”? Pode muito bem ser o desafio mais pungente do filme: como separar os planos da “alma” e do “ser”? “Realmente” serão separáveis?

Por outra abordagem, o interesse é gnosiológico. E eis aqui então a questão maior: A certeza apazigua, o conhecimento sossega e o domínio sobre a “realidade” desvanece a angústia? Ou pode ainda avançar-se esta: Porque não nos aquietamos no sereno e profundo sono do dogmatismo? A serenidade é ilusória e na “superfície” das coisas não há profundidade. Os sonhos amargos, os pesadelos insuportáveis, as misteriosas visitas dos Estranhos “génios malignos”, tudo isso junto, encarregam-se de anunciar e sublinhar a ilusão.

O filme de Proyas pode ser, entre outros epítetos tão bem adequados a uma obra de qualidade como esta, cartesiano. No entanto o filme encerra o século XX. É com certeza mais apropriado registar a intemporalidade de Descartes. Talvez…!

AB


2005-02-25

DISPONIBILIZAÇÃO DE MATERIAS - ACTUALIZAÇÃO N.º 2

É realizada hoje a segunda actualização dos materiais disponíveis no sítio da Escola Secundária de Bombarral, para os alunos da disciplina de Filosofia.
Alerta-se para o facto de que a actualização n.º 1, por lapso, foi efectuada no artigo original existente, quando deveria ter sido feito em artigo independente como, aliás, será o procedimento a ter daqui em diante.
Neste sentido e apresentando o nosso mais sincero pedido de desculpas pelo lapso, solicitamos a consulta do artigo com título ‘RECURSOS’, arquivado neste blog nos artigos do mês de Janeiro de 2005, onde poderão ser encontrados todos os materiais disponíveis até hoje.
Nesta actualização n.º 2 disponibilizamos os seguintes materiais:

  • Programas

Pensamento e Filosofia: Evolução e Simultaneidade (UC_1).
A Multiplicidade dos Valores (UC_2).
Perspectivas históricas da Filosofia (UC_3).
O Universo da Lógica (UC_4).
A Problemática do Conhecimento (UC_5).
Realidade e Verdade (UC_6).

Muito em breve, contamos estar em condições de vos poder fornecer mais materiais.
Até Breve
JC

2005-02-21

Das Experiment



The Experiment (A Experiência)

4ª Feira, 23 de Fevereiro de 2005

Alemanha, 2001
Género: Drama e Suspense
Realizador: Oliver Hirrschbiegel
Elenco: Moritz Bleibtreu; Christian Berkel; Oliver Stokowski; Wotan W. Möhring; Spehan Szasz; Polat Dal; Danny Richter; Ralf Müller; Markus Rudolf; Peter Fieseler; Thorsten Dersch; Sven Grefer; Justus von Dohnanyi;....

Enredo: O filme baseia-se na Experiência da prisão de Stanford, realizada em 1971. Uma prisão provisória é construída num laboratório de pesquisa e à semelhança de uma prisão real tem celas, barras metálicas e câmaras de vigilância. Durante 2 semanas, 20 participantes masculinos são contratados para representar o papel de guardas e de prisioneiros. Os “prisioneiros” estão fechados nas celas e têm de seguir regras aparentemente indulgentes. Os guardas têm que manter a ordem sem recorrer a violência física. Todos podem desistir a qualquer momento, mas se o fizerem perdem o direito ao pagamento.
No início o ambiente entre os dois grupos é inseguro e enfático. No entanto, em breve surgem as discussões e os guardas utilizam sanções cada vez mais drásticas para confirmarem a sua autoridade.
P.C.






2005-02-14

Blade Runner


Blade Runner (1982)

Ridley Scott – Nascido em Inglaterra em 1937

Argumento de Philip K. Dick (“Do Androids Dream of Electric Sheeps?” de 1968 com a tradução em Português do Brasil intitulada “O Caçador de Andróides”)

Música de Vangelis

Do mesmo realizador ficaram na memória filmes como Alien – o 8º Passageiro (1979), Chuva Negra (1989), Thelma & Louise (1991), 1492: Conquista do Paraíso (1992), G.I. Jane (1997) e O Gladiador (2000). Atrevo-me a afirmar que nenhum deles alcança a qualidade deste Blade Runner, tornado filme de culto das mais variadas áreas de interesses. A nós desperta-nos a abordagem filosófica. Pela culturalmente muito significativa metáfora do olhar, do olho e da visão. O filme está povoado de olhos como se num olhar específico se encontrasse o refúgio final de uma espécie ameaçada. E de qual delas?

O filme antecipa uma época, datada de 2019, mas que significa mais do que um ano ou um lapso de tempo isolado pela criatividade do autor. O que se antecipa é um percurso, uma possibilidade e um fim. O Filme é uma hipótese. Desenha-se uma era civilizacional, e nessa antecipação a criatividade segue outros génios do género. Revive-se a obra-prima que foi Metropolis. Mas com isso nada perde este filme. Pelo contrário.

Tudo está no sítio certo como hipóteses seguras na estrutura de uma teoria. Todos os planos são pormenores cruciais. O edifício social desta decadente comunidade representada, absolutamente cibernética, na qual o engenheiro-cientista Tyrrell, do alto da sua torre que tudo lhe permite ver, se pronuncia como divindade criadora, planificadora e dominadora do destino de cada um. A continua torrente que inunda este mundo técnico em absoluto declínio. A necessidade vital do controlo da natalidade figurada na gueixa omnipresente, feliz, depois da pílula contraceptiva. Tudo está onde deveria estar e dá consistência à questão definitiva: o que é “ser humano” num mundo técnico-científico? Que critério usar para distinguir «artificial» e «humano»?

O filme é uma obra pessimista….é verdade. De tal modo que os produtores exigiram um final feliz não fossemos nós ficar deprimidos. Há alertas que não se escondem nem se iludem….nem com um Happy End.

[* Pequena nota de correcção ao artigo anterior acerca de A Laranja Mecânica. Aí se chamou «Giacomo» a Rossini. Claro que o lapso se deveu ao facto de, na altura, termos pensado nesse génio italiano da composição musical que foi Puccini. Esse sim, «Giacomo». Estoutro génio, que nos desculpe a distracção, chamava-se «Gioacchino». Para que conste, Gioacchino Rossini (1792 – 1868), italiano, compositor da ópera Guilherme Tell, cuja overture ouvimos em A Laranja Mecânica de Kubrick…..e com prazer!]

AB

2005-02-07

Simulação 3



I - Filosofia Especulativa e Gnosiologia

Responda de modo sucinto às questões que se seguem:

1 – Em que consiste a Filosofia Especulativa, segundo a divisão clássica?

2 – Que ideia de verdade subjaz à abordagem especulativa do conhecimento?

3 – Como se distingue «transcendência» e «imanência»?

4 – Como é que o racionalismo explica a origem do conhecimento verdadeiro?



II – Os modelos do Conhecimento

Texto 1:

Não será certo que qualquer pensar tem sempre pressuposto o sujeito e o objecto, sendo um impossível sem a existência do outro, isto é, impossível o sujeito sem haver o objecto, e impossível o objecto sem haver o sujeito? Podereis pensar sem pensar um objecto – algo que é o objecto do vosso pensar, embora esse objecto não seja uma «coisa», um ser material? (…) A consciência do eu não virá com a do objecto, e a consciência do objecto não virá com a do eu?”
António Sérgio; Prefácio a Os Problemas da Filosofia de B. Russell

1 – Explicite o método fenomenológico de abordagem ao processo de conhecimento.

2 – Mostre como, a partir da análise do fenómeno do conhecimento, se levantam questões pertinentes acerca da sua possibilidade.


III - A Problemática Social do Conhecimento

Texto 2:

«Cada aspecto da natureza revela um profundo mistério e acorda em nós um sentimento de respeito e deslumbramento. Aqueles que receiam o universo tal como ele é, aqueles que se recusam a acreditar no conhecimento e que idealizam um Cosmos centrado nos seres humanos, preferem o conforto do efémero das superstições. Preferem evitar o mundo a enfrentá-lo. Mas aqueles que têm a coragem de explorar a estrutura e textura do Cosmos, mesmo quando este difere acentuadamente dos seus desejos e preconceitos, irão penetrar profundamente nos seus mistérios. (…) Temos de entender o Cosmos como ele é e não confundir aquilo que ele é com aquilo que gostaríamos que fosse. Por vezes o óbvio está errado e o insólito é verdadeiro.
Carl Sagan; Cosmos

Texto 3:

«Há alguns anos, como Vossa Alteza Sereníssima muito bem sabe, descobri nos céus muitas coisas que nunca antes tinham sido vistas. A novidade dessas coisas, bem como algumas das suas implicações, pelo facto de contradizerem os conhecimentos físicos geralmente aceites pelos filósofos académicos, atraíram contra mim a inimizade de um número não pequeno de professores [que naquele tempo, eram em grande parte eclesiásticos] como se fosse eu que tivesse colocado, com as minhas próprias mãos, todas essas coisas no céu para perturbar a natureza e arruinar as ciências. Eles parecem esquecer que o aumento de conhecimentos verdadeiros estimula a investigação, a fundamentação e o desenvolvimento das artes».

Carta de Galileu à Grã-Duquesa Cristina citada em Cosmos de Carl Sagan.


A partir dos textos acima, elabore um comentário, tendo em conta o seguinte:

a) A crítica à atitude dogmática;

b) O problema da subjectividade na relação de conhecimento;

c) A importância de Copérnico e Galileu na imposição de uma nova atitude face ao “misterioso”.
AB