2009-05-04

Glogalização, Capitalismo e Tecnociência

Conhecimento Científico ao serviço
da construção e manutenção da Sociedade Capitalista?



A partir dos anos 60 do século XX, a produção e acumulação de tipo capitalista entra em crise.

Fazendo face a esta crise assiste-se a uma re-organização e re-ordenamento em que, o Capital, para fazer face aos problemas detectados na engrenagem do Consumo de Massas, procurou, por um lado, expandir o sistema e, por outro, produzir bens inovadores para alcançar um Mercado mais alargado, se possível de nível mundial. No fundo procuravam-se ‘novos nichos de mercado’.

Deste novo ordenamento há quem veja, precisamente, o nascimento da tão afamada ‘GLOBALIZAÇÃO’ – que não passaria da tentativa, coroada de êxito relativo, do Capital mover-se livremente, levando à instauração de novos mercados.

Muitos críticos apontam o desenvolvimento científico-tecnológico como o grande aliado e suporte desta estratégia conquistadora e tentacular.

Podemos, de facto, atentar que a globalização diz, sobretudo, respeito à circulação de capitais e ao esbatimento das fronteiras – sempre no que diz respeito ao Consumo – mas o capital, o centro económico e decisório, é, contudo, cada vez mais centralizado em determinados países, perfeitamente identificados.

A primeira estratégia de globalização foi acompanhada pelo esforço de baixar os custos de produção, o que conduziu a mudanças radicais nas condições e exigências laborais, em vista a um aumento da Produtividade: ‘competitividade’; ‘optimização’; ‘reformismo’; ‘modernização’…

Seguiu-se depois a segunda estratégia que aposta, precisamente na ‘Inovação’ e nas ‘Tecnologias’. E é por isso que as Tecnologias da Comunicação são, hoje em dia, tão privilegiadas: o objectivo talvez não seja o interesse em que estejamos actualizados, ou permanecermos informados, mas o facto destas plataformas e gadgets tecnológicos possibilitarem e assegurarem estes processos de expansão e acumulação do/de Capital.

Poderemos, muito justamente, questionarmo-nos se a ‘necessidade’ e ‘urgência’ dos Novos Saberes e das Novas Competências não serão, afinal, novos espaços, estrategicamente esboçados, abertos à criação de novas necessidades e Novos Mercados.

Temos de nos interrogar, para além dos resultados colaterais do progresso/processo do desenvolvimento técnico-científico – a poluição; o aquecimento global; a extinção de diversas espécies; o alheamento do Homem em relação a si próprio – a quem é que, de facto, o Desenvolvimento Tecnológico realmente serve… A doença, a fome, a guerra, as dependências internas e externas, a incultura e a infelicidade estão, com o contributo da tecnologia, mais afastadas do grosso do género humano ou… acontece precisamente o contrário ?!

Muitas vezes quando falamos em Globalização, falamos de um movimento não recíproco entre nós, os ricos, e o resto do mundo… A tecnologia é nossa, para nós… e quando ela actua nos ‘outros’, ou é para a obtenção de matérias-primas e manufactura de bens apetecíveis e baratos, ou na criação de novos mercados de bens não essenciais, mas resultam, para nós em mais dividendos económicos. Será que a tecnologia – e os seus benefícios está mesmo globalizada?!
Quando falamos em ALDEIA GLOBAL, de que aldeia falamos… e quem é que lá, de facto habita?