2008-02-20

Acções por dever e acções conformes ao dever

Kant afirma claramente que uma acção moral não provém de qualquer outro motivo senão o DEVER. Qualquer acção, por mais meritória que possa parecer, se estiver 'contaminada' por qualquer outra motivação, propensão ou inclinação de qualquer espécie, essa acção não é, verdadeiramente, uma acção moral.
"Ser caritativo quando se pode sê-lo é um dever, e há, além disso, muitas almas de disposição tão compassiva que, mesmo sem nenhum outro motivo de vaidade ou interesse, acham íntimo prazer em espalhar alegria à sua volta e se podem alegrar com o contentamento dos outros, enquanto esta obra é sua. Eu afirmo, porém, que neste caso uma tal acção, por conforme ao dever, por amável que ela seja, não tem contudo nenhum verdadeiro valor moral, mas vai emparelhar com outras inclinações, por exemplo, o amor das honras que quando, por feliz acaso, topa aquilo que efectivamente é de interesse geral e conforme ao dever, é consequentemente honroso e merece louvor e estímulo, mas não estima, pois à sua máxima falta o conteúdo moral que manda que tais acções se pratiquem, não por inclinação, mas por dever."
I. Kant