2005-10-26

DEMONSTRAÇÃO e ARGUMENTAÇÃO

" Perelman honrou a retórica situando-a no interior dos quadros da argumentação. Quando uma proposição é sugerida, por uma outra ou pela situação, há argumentação; há demonstração quando tudo quanto faz com que a conclusão se imponha é especificado e torna esta conclusão necessária. Devemos opor aqui lógica e argumentação. A lógica não admite qualquer ambiguidade, e a univocidade, que é a sua regra, não é o facto das situações reais de uso da linguagem. Nestas situações, não se estipula toda a informação, nem as regras segundo as quais é necessário tratá-la. Deixamos aos interlocutores, logo ao auditório, o cuidado de decidir, e até tornar unívocos os conceitos utilizados. É esta equivocidade própria da linguagem natural, que foi a base da má reputação da argumentação, pois, se os termos de uma mensagem são equívocos, nada impede de jogar com esta pluralidade dos sentidos, e de manipular o asentimento do auditório pelo vago e pelo superficial. Esta equivocidade faz não obstante a riqueza das línguas naturais, pois, deixando ao contexto o cuidado de fornecer ao auditório os meios para dividir em favor de um sentido, a linguagem natural é susceptível de uma grande subtileza, quase infinita em vista de toda a situação posível de uso. Face a isto, as línguas formais são pobres, tudo ali deve ser especificado (os axiomas,as regras de derivação, os domínios das variáveis, etc.),e parecem ser totalmente autónomas a respeito dos indivíduos. O discurso formal não é dirigido a ninguém porque é suposto dirigir-se a toda a gente. Ele usufrui de uma evidência que seria irracional ou loucura pôr em questão."
M. Mayer, Lógica, linguagem e argumentação
Ed. Teorema

2005-10-25

ARGUMENTAÇÃO e FILOSOFIA

Visto os Sofistas usarem, e abusarem,a argumentação, Sócrates e Platão atacaram-na na sua vertente retórica, pois acusavam-na de estar ao serviço da demagogia e desprezar a verdade.


Na Idade Moderna, Descartes, Espinoza, Leibniz e outros pensadores racionalistas votam, igualmente, algum desprezo pelos processos argumentativos, visto que para eles a Razão deve apoiar-se em paradigmas tais como a lógica e a matemática.


Recentemente, a argumentação foi de novo elevada à categoria de disciplina fundamental em filosofia, particularmente por Perelman. Segundo este autor a "Nova Retórica" é " o estudo dos meios de argumentação que não dependem da lógica formal e que permitem obter ou aumentar a adesão de outra pessoa às teses que se propõem para seu assentimento".

A ARGUMENTAÇÃO na História da FILOSOFIA

A história da argumentação encontra-se estreitamente ligada e dependente da história das disciplinas ou ciências que desde a antiguidade tomaram como seu objecto de estudo:

a) os actos de bem debater e procurar a verdade - Dialéctica positiva

b) os actos de bem contradizer e bem refutar - Dialéctica negativa

c) os actos de bem falar e persuadir pelo discurso - Retórica

D) os actos de bem pensar e bem raciocinar - Lógica.

ARGUMENTAÇÃO

" Frequentemente definimo-la como esforço de convicção. A dimensão argumentativa seria essencial à linguagem porquanto todo o discurso procura persuadir aquele a quem se dirige. Por outro lado, caracterizamo-la igualmente como raciocínio não formal, não constrigente, por oposição ao raciocínio lógico, à necessidade rigorosa e sem apelo. Estas duas definições estão ligadas: argumenta-se porque os raciocínios não se encadeiam com a necessidade absoluta das matemáticas, existe por isso lugar para um possível desacordo."
M. Mayer, Lógica, linguagem e argumentação

2005-10-19

Cinquentenário da morte de Ortega y Gasset





O Ph.Klub associa-se à celebração dos cinquenta anos da morte do grande filósofo ibérico...

José Ortega y Gasset - (Madrid, 1883 - 1955)

«O que nos impede de entender bem o papel da dúvida na nossa vida é presumir que não nos põe diante de uma realidade. E este erro provêm, por seu lado, de se desconhecer o que a dúvida tem de crença. Seria muito cómodo se bastasse duvidar de algo para que, diante de nós, isso desaparecesse como realidade. Mas tal não acontece. Em vez disso, a dúvida arrasta-nos para o duvidoso. (...) A dúvida, em suma, é estar no instável enquanto tal: é a vida no instante do terramoto, de um terramoto permanente e definitivo




«Sempre que ensines, ensina também a duvidar daquilo que ensinas»

SUC 1 CONVERSÕES

Conversão de proposições:

convertem-se os termos, ou seja, por transposição do
predicado para o lugar do sujeito e do sujeito para o
lugar do predicado.
A conversão consiste em inferir ou deduzir uma propo-
sição de outra, transponde-lhe os termos.





REGRA GERAL:

A proposição não deve afirmar mais na forma invertida do que na
primitiva - por isso nenhum termo deve ter maior extensão do que
tinha antes.



REGRAS PARTICULARES:

1. De uma proposição universal afirmativa (A) apenas se pode infe-
rir (converter) uma proposição particular afirmativa (I);


ex: " Todo o gato é felino", converte-se em "Algum felino é gato"


2. A proposição universal negativa (E) é recíproca, isto é, conver-
te-se sem mudança;


ex: " Nenhum cavalo é dentista" converte-se em "Nenhum dentista é
cavalo"

A proposição particular afirmativa (I) é igualmente recíproca;


ex:"Alguns leões são mamíferos" converte-se em "Alguns mamíferos
são leões"


3. Duma proposição particular negativa (O) nada se pode inferir.
Por isso podemos passar a proposição para particular afirmativa,
sem alterar o seu valor de verdade, e, então converter.


ex: "Alguns cães não são azuis"

a) "Alguns não cães são azuis"

converte-se
b) "Alguns azuis são não cães"

2005-10-12

Os Tesouros da Biblioteca e a Filosofia



Meia dúzia de obras da NOSSA Biblioteca onde se fala da questão da definição de FILOSOFIA:
1 - Vocabulário da Filosofia de André Lalande, pp. 479 - 480.
[Não deixar de ler a pequena crítica final]
COTA: 13 / 33 - 794
2 - Dicionário da Filosofia de José Ferrater Mora, pp. 159 - 162.
COTA: 13 / 43 - 1 692
3 - Logos - Enciclopédia Luso Brasileira da Filosofia, pp. 575 - 591
COTA: 13 / 47 - 1 704
4 - Elementos Básicos de Filosofia de Nigel Warburton, pp. 21 - 29
COTA: 13 / 83 - 3 939
5 - Panorama do Pensamento Filosófico, I, organização de V. de Magalhães Vilhena, pp. 185 - 195
COTA: 13 / 20 - 663
6 - República de Platão, 480 a
COTA: 13 / 14 - 377
Esta pequena lista não é exaustiva, é apenas um convita à aventura da pesquisa.
Os livros, como tesouros, esperam pacientemente nas prateleiras alimentando o desejo de ser descobertos. Acordem-nos!!
AB

Figuras e modos do silogismo

A FIGURA, ou esquema, de um silogismo depende da disposição do Termo Médio nas premissas - consoante este termo ocupa o lugar de Sujeito ou o lugar de Predicado.
São possíveis os seguintes quatro casos:




PRIMEIRA FIGURA:



Quando o termo médio é sujeito na premissa maior e predicado
na premissa menor;


SEGUNDA FIGURA:


Quando o termo médio é predicado na premissa maior e predi-
cado na premissa menor;


TERCEIRA FIGURA:


Quando o termo médio é sujeito na premissa maior e também
sujeito na premissa menor;


QUARTA FIGURA:

Quando o termo médio é predicado na premissa maior e sujei-
to na premissa menor.

TESTA a validade dos seguintes silogismos:

1.


Todas as vacas voadoras são lindas
Nenhum avião é lindo
-----------------------------------

Algumas vacas voadoras são aviões

2.


Nenhum chocolate engorda
Alguns doces não engordam
--------------------------

Todos os doces são chocolates


3.


O arroz é branco
O gelo é branco
-------------------

O gelo não é arroz


4.


Alguns bancos são mobília
Todos os bancos emprestam dinheiro
-----------------------------------

Nenhum dinheiro é emprestado por mobília


5.


Touro é um signo do zodíaco
O touro pasta
----------------------------
Alguns signos do zodíaco não pastam

2005-10-11

TESTA a VALIDADE dos SILOGISMOS:

1.
Todos os bancos são confortáveis
Alguns bancos oferecem juros altos
-----------------------------------

Todos os juros altos são confortáveis




2.

Todos os pássaros voam
Todos os aviões voam
-------------------------

Nenhum avião é pássaro




3.

Todo o homem é racional
Nenhum animal é racional
------------------------

Nenhum animal é homem

2005-10-04




O SILOGISMO

O silogismo é uma forma particular de raciocínio dedutivo, cuja diferença específica reside na sua forma peculiar de extrair uma proposição, chamada CONCLUSÃO,
de duas e só duas outras proposições, chamadas PREMISSAS.



Também se pode dizer que o silogismo consiste num RACIOCÍNIO no qual de um antecedente que compara dois TERMOS (maior e menor) a um terceiro (médio), resulta necessariamente um consequente que une ou separa esses dois termos. Há separação quando a conclusão é negativa; há união quando a conclusão é positiva.

TESTE de LÓGICA

LÓGICA ARISTOTÉLICA


1. Defina lógica.

2. Distinga verdade e validade.

3. Defina conceito.

4. Defina juízo.

5. Defina raciocínio.

6. Apresente as correctas correspondências:

I. Termo a) Juízo

II. Argumento b) Conceito

III. Proposição c) Raciocínio

7. O que são a compreensão e a extensão de um conceito ?

8. Exponha duas regras da definição.

LÓGICO ...

" A razão humana procede de acordo com uma certa ordem em todos os seus actos.
Ao dirigir a execução de um trabalho, de um jogo, de um desporto ou de qualquer outra actividade humana, a inteligência impõe uma ordenação de uns actos com outros.
O homem não age, ao contrário dos animais, pelo simples impulso dos seus instintos. E para conhecer a verdade, o acto , que por excelência compete à inteligência, o homem há-de seguir também uma ordem, a que chamamos ordem lógica, ordem racional ou
lógica espontânea. "

J.J. Sanguineti

2005-10-03

Estudar Filosofia


O Método P.L.E.M.A.

PPrimeira Leitura

Objectivo: Alcançar uma IDEIA GERAL do texto ou do tema em estudo.

- Leitura mais ou menos rápida de modo a obter uma noção global;

- Demorar-se um pouco nos «títulos» e «resumos» (se houver);

- Procurar relações possíveis com outros textos já conhecidos;

- Fixar-se mais atentamente nos «subtítulos», «sublinhados», «palavras ou frases destacadas», «expressões em itálico» e frases ou períodos com expressões do género: «As razões são…», «Há aqui estes factores…», «As questões a ter em conta são…», etc.

L Leitura

Objectivo: Analisar pormenores, Sublinhar o mais importante, Destacar as ideias principais.

- Sublinhar as noções mais importantes: Enquadrar teses e títulos num rectângulo; sublinhar com cor diferente as ideias principais; sublinhar com traço ondulante ou com outra cor as ideias secundárias.

EEsquematizar

Objectivo: Fazer um resumo esquemático da matéria.

- O resumo deve condensar a matéria para ajudar no momento das revisões;

- O esquema e o resumo permitem aumentar a compreensão das ideias;

- A diversidade do trabalho aumenta a concentração;

- O resumo e o esquema ajudam a memorização.

MMemorizar

Objectivo: Fixar as noções principais.

- Memorizar não é equivalente a decorar;

- Não se devem decorar as palavras do texto utilizado;

- Deve-se procurar traduzir o texto através de palavras e expressões próprias;

- Memorizar é aprender e fixar noções devidamente estruturadas e não só as palavras;

- Deve-se repetir a leitura do esquema ou resumo.

AAuto-avaliação

Objectivo: verificar se se consegue repetir o que se estudou, usando palavras e expressões pessoais, de modo a testar a aprendizagem e ficar-se a certeza do que se sabe.

- O aluno deve formular-se a si mesmo algumas questões e procurar responder-lhes por escrito.