2008-03-11

A DIMENSÃO RELIGIOSA - uma antecipação ao 3º Período

No próximo módulo estudaremos a Dimensão Religiosa; investigaremos as relações entre a Razão e a Fé, entre Religião e Sentido da Existência.

Como este período que agora atravessamos está marcado, em virtude de condicionantes (lembras-te das ditas, da Acção?) culturais e históricas, por celebrações de carácter religioso, parece-me pertinente lançar já um olhar ao módulo seguinte para pensar estes tempos festivos que chegam.

Este pequeno texto faz parte de um trabalho realizado pelos teus colegas do EFA escolar, que expuseram no átrio superior da escola razões e explicações dos símbolos, histórias e celebrações pascais: o coelho e o ovo, que junção é esta?! Que relações há entre ambos? Porque são símbolos pascais? A celebração pascal é eminentemente de carácter judaico-cristão, ou percorre muitas culturas, senão todas ? Existirá uma relação entre estas crenças e o universo material?

Os formandos do EFA tentaram esclarecer estas questões - é fazer uma visita ao que está exposto.






PÁSCOA E NATUREZA - Religião e meio Ambiente

RELIGIÃO...


- A Páscoa é uma festa sobretudo religiosa, mas como em tudo no Homem, também os sinais do sagrado se manifestam tomando a natureza como modelo e inspiração;

- No JUDAÍSMO:

As ervas amargadas, o pão feito do trigo, a passagem do Mar Vermelho, a travessia do Deserto pelo povo de Israel até à Terra Prometida do Leite e Mel - todos estes elementos se tomam de empréstimo à natureza e adquirem, por vontade do Homem, um sentido que já não é natural, mas sobrenatural . . .


- No CRISTIANISMO:

A água do ‘Lava-pés’, o Pão e o Vinho da Última Ceia, os Santos Óleos consagrados, de quinta-feira santa;

O Madeiro da Cruz – também chamado ‘Árvore da Vida’ – de sexta-feira santa;

O Fogo Novo da Ressurreição, a Luz transportada pelos crentes nos templos cristãos a partir do Círio Pascal feito de cera pura das abelhas, a água dos Baptismos dos novos membros da comunidade dos discípulos. . . Todos estes elementos do sábado/Domingo de Páscoa, são retirados da natureza para significar ainda mais do que já dizem no quotidiano do Homem.



NATUREZA...


- A Páscoa é uma festa de facto religiosa. Ela é celebrada na nossa cultura pela sua raiz judaica- cristã. Mas o que ela significa transcende os domínios dos templos, quer dos judeus quer dos cristãos: esta festa nasce do profundo desejo do Homem pela Renovação da Vida – desejo este suportado e impulsionado pelos ciclos ‘pascais’ da própria natureza:

. O Inverno é um tempo de recolhimento e sepultamento . . .

. Mas após o relativo luto da longa estação do frio, a Vida irrompe em festa de cores, aromas, sabores. . .


Portanto, a natureza dá ao Homem não só a matéria que ele transforma com as suas mãos permitindo-lhe superar até a própria natureza, mas também lhe dá conteúdo ao espírito, pelos seus ciclos, a sua diversidade, a sua riqueza.


É por tudo isto que, ainda hoje se misturam diversas matrizes (fontes, origens) culturais nos rituais e símbolos pascais e que os encontras, muitas vezes sem parecerem ter um nexo ou explicação capaz.

2008-03-05

Política, obediência, poder

O poder de gerir toda uma sociedade deve mesmo existir ? E deve ser entregue a alguns, a uma minoria o destino mais imediato de uma imensa maioria?
É possível a existência duma sociedade, ou uma agregação saudável de indivíduos, sem uma autoridade exterior?
" A política não é mais do que o conjunto das razões para obedecer e das razões para desobedecer e sublevar-se.
Obedecer, sublevar-se? Não seria melhor que ninguém mandasse para que não tivéssemos de procurar razões para obedecer-lhe nem encontrar motivos para desobedecer? Esta é mais ou menos a opinião dos anarquistas. Segundo o ideal anarquista, cada qual deveria actuar de acordo com a sua própria consciência, sem reconhecer nenhum tipo de autoridade. São as autoridades, leis, as instituições, a aceitação de que uns poucos guiem a maioria e decidam por todos que provocam os sofrimentos de que padecem os humanos: escravatura, abusos, exploração, guerras. O anarquista defende uma sociedade sem razões para obedecer a outrem e portanto também sem razões para rebelar-se contra ele. Os anarquistas partem do princípio de que os seres humanos tendem espontânea e naturalmente para a cooperação, a solidadriedade, o apoio mútuo.
É possível uma sociedade anárquica, isto é, sem poder político? É possível uma sociedade humana sem conflitos? É a existência do poder político a causa dos conflitos ou a sua consequência, uma tentativa para que não se tornem tão destrutivos?"
F. Savater