2008-11-18

Algumas FALÁCIAS INFORMAIS

Argumento do Apelo à Ingnorância - ad ignorantiam
Quando alguém, ao mostrar que uma premissa esteja provada, pretende conluir que, então a sua contraditória é verdadeira :
'Nunca foi provado que os ET não existem,
Logo, os ET existem.'
Argumento do Apelo à Força - ad terrorem
É sempre uma ameaça. A conclusão vem embrulhada pela força externa ao próprio argumento:
'Tens liberdade para levar a efeito as tuas escolhas...
Por isso, há algumas que te podem sair muito caras.'
Argumento do Ataque à Pessoa - ad hominem
A conclusão é atacada, não em si mesma, mas em virtude de quem a emitiu.
' Como é que alguém que vive num bairro tão luxuoso
pode vir agora com discussos contra a pobreza!'
Argumento do Efeito da Bola de Neve
Para refutar uma qualquer ideia, a partir dela faz-se decorrer uma série de afirmações que , afinal, não decorrerão dela necessariamente.
Argumento circular
A conclusão já está presente na premissa. Parte-se do princípio que existe uma evidência consensual donde se parte para a prova:
' Os Direitos Humanos são direitos dos homens
que por isso devem exercê-los.'
Argumento da Autoridade - ad verecundiam
A força do argumento não reside nele próprio, mas apela-se aà autoridade donde ele emana:
' ...Isto é tão verdade que já Platão dizia que ...'
Argumento do Apelo ao Povo - ad populum
Defende-se uma qualquer ideia , ou conclusão, justificando-a no facto de que a esmagadoria maioria dos envolvidos na questão estão concerteza de acordo.
' É sabido por toda a gente que...'
Argumento do Apelo à compaixão - ad misericordiam
Apela-se aos sentimentos do auditório, não à força racional dos argumentos:
' Não poderia fazer outra coisa com os problemas que tenho tido...'
Ignorar Alternativas
Fecham-se outras possibilidades de resposta ou saída para forçar a aceitação da conclusão que se pretende.
Falácia da Generalização
Produz-se uma generalização/universalização a partir de dados pouco relevanes ou numericamente pouco relevantes.

Roteiro para uma Leitura Compreensiva do Museu do Oriente

MUSEU do ORIENTE

CURSOS EFA e 11º F - FILOSOFIA
Visita de Estudo / Actividade Integradora – 21 de Novembro 08


Itinerário Conceptual para a Visita de Estudo:

1. O Museu
2. O Oriente
3. As Crenças do Oriente:
- Índia
. Hinduísmo
. Budismo
. Jainismo
- China
. Taoísmo
. Confucionismo
- Japão
. Shintoísmo

4. Xamanismo
5. Cristianismo
6. Objectivos da visita
7. Conclusão.


O MUSEU

O Museu do Oriente existe com o objectivo da divulgação das Culturas Asiáticas e a preservação da memória da Presença Portuguesa no oriente.


As Exposições:

Piso 0Máscaras da Ásia – Aqui encontram-se variadas Máscaras utilizadas em rituais religiosos e performativos: para rituais de cura, possessão e bênção ou comunicação com o Além; teatralização ritual de momentos e tempos ligados aos Deuses, Heróis e Arquétipos Humanos ou Divinos.

Piso 2 - Deuses da Ásia – Os Deuses, Espíritos, Mestres e Heróis do Extremo Oriente e os objectos associados ao seu Culto, História e Ensinamentos.

Piso 1 – Apresenta objectos relacionados com a Presença Portuguesa na Ásia, nomeadamente relacionados com a Fé Cristã.

O Oriente

Tradicionalmente, os europeus sempre olharam para o Oriente como um lugar distante, exótico, misterioso e mágico. Lugar de cores, sabores e crenças fascinantes, sempre se mostrou apetecível para os ocidentais de todos os tempos – dos gregos até aos dias de hoje, passando pela Expansão – a Ásia exerceu e exerce sobre nós um enorme poder de sugestão.

A Luz, visto que o sol (para quem está na Europa), nasce no oriente (e simboliza o conhecimento, o rompimento com a ignorância); a flor de Lótus, que nasce nas profundas e obscuras águas lamacentas e ascende na obscuridade, rumo à claridade (símbolo, por isso da alma humana que deve partir da materialidade rumo ao mundo espiritual), são dois dos grandes símbolos e temáticas orientais, presentes nos mitos, nas lendas, nas crenças, nos ensinamentos e nas artes plásticas e sagradas.

As Crenças do Oriente…

Índia:

O Hinduísmo (Sanatana Dharma)

Esta religião não possui um fundador. Mais do que uma religião com um corpo doutrinal e ritual definidos, o Hinduísmo é, na prática, uma presença de várias crenças, doutrinas e costumes, muitas vezes opostos e que se excluem, mas convivem naquilo que os indianos chamam Bharat Mata (Mãe Índia).

No essencial, o hinduísmo ensina que todas as nossas acções produzem consequências. Esta é a lei do Karma. Os seres, a sua alma – atman – estão prisioneiros da matéria, num ciclo de reencarnações e afastados da sua origem divina – Brahman – que só atingirão depois de um longo processo de purificação.

Superficialmente podemos olhar para o hinduísmo como uma crença essencialmente politeísta (crença em vários deuses), no entanto, em rigor os hindus acreditam na existência de um Ser Absoluto (Brahman), mas que se manifesta de múltiplas formas.

Os deuses não são personalidades individuais, mas aspectos parciais e manifestantes de aspectos específicos da Suprema Divindade.

Também não são o que os Santos e Mártires são no cristianismo…Nesta religião estes são humanos que cumpriram através da sua vida, de modo pessoal, específico e muito humano, os ensinamentos de Jesus de Nazaré, e a quem os discípulos ainda presentes neste mundo, pedem intercessão junto de Deus.

Mas no hinduísmo os deuses são manifestações (directamente) divinas: Deus que se ‘mostra’, revela, aos humanos, sob determinados aspectos, condições, tempos e circunstâncias.

A TRIMURTI

Acima de tudo, e antes de tudo, existe o Absoluto, Deus, BRAHMAN, oculto e inacessível.
Mas este Absoluto manifesta-se no cosmos numa tríplice forma, enquanto:


BRAHMA – Deus, Força criadora e activa do universo;

VISHNU – O Deus responsável pela manutenção do universo, da vida;
Ao longo da história da humanidade faz ‘descidas’ periódicas (Avatares) para
orientar e salvar;

SHIVA – O Destruidor – destrói para que tudo possa renascer de novo.
Ele é também eremita e asceta, criador do Yoga.


Como Deus se manifesta das formas que muito bem entender, então Ele também se manifesta na dualidade masculino/feminino: Para cada elemento da Trimurti existe uma consorte. Assim:


Brahma surge com a sua esposa Sarasvati – Deusa da sabedoria, das artes e da música;

Vishnu aparece acompanhado de Lakshmi – Deusa da beleza, da generosidade, da abundância, da riqueza e da fortuna;

Shiva acompanha com Parvati – Personifica a suavidade e o instinto maternal. É protectora da vida conjugal.

AVATARES:


Segundo o hinduísmo, quando a humanidade decai nas suas práticas espirituais, ou está em qualquer perigo sério, Deus ‘desce’, ‘encarna’ para auxiliar a humanidade aflita.
Vishnu, por exemplo possui pelo menos oito avatares:


- Matsya, o Peixe;
- Kurma, a Tartaruga;
- Varaha, o Javali;
- Narasihma, o Homem-Leão;
- Vamana, o Anão;
- Parashurama, o Homem com o Machado;
- Rama, Rei herói e guerreiro;
- Krishna, o divino Pastor;
- Budha, o Iluminado;
- Kalki, o Guerreiro que há-de vir.

Sendo assim, Deus manifesta-se de muitos e variados modos:


Ganesh – Também chamado Ganapati. Corpo de homem e cabeça de elefante. Deus muitíssimo popular. Simboliza o poder de Deus, por isto é chamado ‘O Removedor de Obstáculos’. É filho de Shiva e Parvati. É mestre do intelecto e da sabedoria, é invocado antes de qualquer início (das actividades, trabalhos ou orações).

Este deus mostra ainda uma composição híbrida, metade humano, metade animal, mostrando assim referências possivelmente muitíssimo antigas. Também se assiste no hinduísmo a manifestações divinas através da forma animal, como nos casos anteriores dos avatares de Vishnu e também com Garuda, pássaro solar, montada de Vishnu.


Krishna e Radha – Krishna é o oitavo Avatar de Vishnu. Também chamado Gopala e Govinda. Deus muito popular na Índia, juntamente com a sua esposa Radha. Casal divino que amorosamente protege os seus devotos. Krishna era pastor de vacas (Gopala).

Narasimha – Meio homem, meio leão, quarto Avatar de Vishnu- demonstra que Deus é como um leão a proteger os seus filhos.

Kali – É uma personificação da esposa de Shiva. Deusa da morte e da sexualidade. Destruidora de toda a maldade. Aparece ligada à morte, necessária afinal, para a renovação e continuidade.

Durga – Aspecto terrível do feminino de Shiva. Indica que Deus é como uma mãe furiosa para proteger os seus filhos dos demónios (do mal).


Nem sempre Deus se manifesta em forma antropomórfica (humanizada) ou com/em elementos animais. Também o divino se pode manifestar em plantas e sob formas mais abstractas.
Tal é o caso e Jaganatha (Krishna), Baladeva e Subhadra (seus irmãos) que são representados apenas na forma de um tronco com grandes olhos e sorridentes, ou no emblemático caso de Shiva e Pavarti que são representados na forma do Lingam (pénis) e Yoni (vagina), significando os princípios elementares/complementares do masculino e do feminino que Deus contem e ao mesmo tempo transcende.


O BUDISMO

Originário da Índia, o budismo foi fundado pelo príncipe Sidharta Gautama ou Shakyamuni.

O budismo apresenta-se como uma sabedoria soteriológica (salvadora), isto é: simultaneamente uma filosofia e uma religião.

A par do Jainismo, é uma religião sem Deus, mas que aponta para a transcendência.

Os ensinamentos do Buda (o Iluminado), dizem respeito ao seguinte:

As Quatro Nobres Verdades:

1. Toda a Existência é Sofrimento;
2. O Desejo apega-nos à existência que por sua vez mantém-nos no sofrimento;
3. Cessando o Desejo, cessa o sofrimento;
4. É possível terminar com o sofrimento, seguindo a via do Óctuplo (oito) Caminho.

O Óctuplo Caminho:

. Entendimento correcto;

. Intenção correcta;

. Palavra correcta;

. Acção correcta;

. Modo de Vida correcto;

. Esforço correcto;

. Atenção correcta;

. Concentração correcta.

Tal como no hinduísmo, o budismo supõe que a existência é um fluxo incessante de renascimentos – Samsara – e estamos presos a este ciclo pelo apego/desejo. Os Budas não são deuses, mas mestres que vencem e nos ajudam na libertação rumo ao Nirvana – Extinção – o Nirvana não é um local, nem um estado, mas a extinção total do ego, do existir, o vácuo…

No Samsara, Buda (o mestre), Dharma (o ensinamento) e Sangha (a comunidade dos discípulos), auxiliam a quem neles ‘Tomar Refúgio’. Também, em alguns tipos de budismo, os seres podem contar com a ajuda de ‘budas vivos’ os Bodhisatvas (Ser de Sabedoria) que são mestres de sabedoria elevada que procuram afastar as dificuldades e auxiliarem todos no caminho para a iluminação. O Bodhisatva é aquele que estando já capaz de entrar em Nirvana, recusa a sua extinção, para, em benefício dos outros seres, voltar a renascer para apoiar e guiar o percurso alheio.


Dos mais famosos Bodhisatvas é Avalokitsvara ,bodhisatva da Compaixão. Por exemplo, os seguidores do budismo tibetano vêem no Dalai Lama a encarnação deste ser a que chamam Chenrezing. Na China chamam-lhe Guanyin e é uma deusa búdica (personificação da compaixão). Avalokitsvara é muitas vezes representado com mil braços (significando o auxílio para todos). Um bodhisatva só entrará no Nirvana quando aí tiverem entrado todos os seres.

O JAINISMO

Tal como o budismo, o Jainismo, não possui Deus, embora se abra à transcendência.

O seu fundador seria o Mahavira e teria sido contemporâneo do Buda. Os mestres desta religião são os Tirthakaras (fazedores do caminho), almas libertadas do Samsara, após existências de renúncia – por isso muitas vezes são representados através de uma figura/silhueta ‘esvaziada’, significando que já aqui não se encontram, mas libertaram-se.

Segundo os Jainas o universo divide-se em vários mundos:

- No topo, a Morada Suprema, onde habitam os que alcançaram Libertação;

- No Mundo Médio existem vários continentes. No centro deste mundo habitam os humanos;

- No Mundo Inferior, existem os sete infernos.


A par dos hindus, mas de forma mais insistente, os Jainas utilizam Yantras para meditação e representação abstracta. Os Yantras são representações simbólicas , de carácter geométrico. Os devotos acreditam que revelam o lado íntimo do universo, são reveladores de verdades de nível cósmico.



CHINA

O TAOÍSMO

Filosofia que parte dos textos do livro Tao Te Ching do filósofo chinês Lao Tse e nos escritos, posteriores de Chuang Tse.

O TAO corresponderá à ordem natural e íntima das coisas.

Princípios da filosofia Taoista:

. Do Tao surge o UM, a partir deste aparece o DOIS, (o Yin e Yang ), a partir destes o TRÊS (Céu, Terra e Humanidade), por fim aparece o cosmos, como que por adição.

. Deve-se agir seguindo a natureza e não pela força.

. Deve-se moderar os desejos pois quando um desejo é satisfeito, outro maior surge. Por isso o Taoísmo aconselha a aceitar a existência tal como ela é, mais do que forçá-la a ser conforme aos nossos desejos.

Segundo o Tao todas as coisas são interdependentes, inclusive os seres humanos. Devemos tomar consciência disso e compreender que não passamos de uma ínfima parte desse todo.

O Taoísmo é uma filosofia dualista: o cosmos é gerido pela relação eterna entre opostos – o Yin e o Yang.


Na China é comum o Taoísmo popularmente misturar-se com elementos do Confucionismo e do Budismo.



O CONFUCIONISMO


É um sistema filosófico criado na China por Kung Fu Tzu (Confúcio).

O pressuposto do pensamento confucionista é de que o homem pode, pela formação e educação, atingir a perfeição, seguindo o caminho dos Antigos, levar uma vida cheia de virtude em sociedade.

Portanto, a tarefa da educação é fundamental: pelo ensino e pela auto-disciplina o indivíduo pode vir a conhecer e praticar a virtude.

A Família é o primeiro espaço onde o ser humano se forma e é o seu primeiro lugar de pertença e experiência de fidelidade.
É aqui que se aprende a piedade filial: obediência e respeito aos pais de modo quase absoluto.

O segundo lugar do ser humano é a Sociedade onde se aprende e praticam as virtudes sociais: Justiça; Generosidade; Perdão e Benevolência.

A terceira instância é o Estado, que organiza a sociedade, e ao qual o indivíduo deve lealdade.

Os cidadãos (súbditos) devem ser leais ao Soberano, que governa, não tanto pelas Leis, mas pela Acção Virtuosa.

Se o Soberano for virtuoso, o Estado permanece estável e funcional. Por sua vez, a Sociedade será saudável, se também as Famílias forem espaços de Virtude e Ordem.
As virtudes emanadas destas realidades – Soberano, Estado, Sociedade, Família – estão em estreita, directa e complementar dependência entre si.

O Céu que tudo cobre, a Terra que sustenta o Homem, único ser capaz de agir consciente e voluntariamente, formam uma Tríade muito importante no pensamento confucionista.

O confucionismo envolve-se também em algumas práticas rituais, sobretudo no Culto aos Antepassados. Os mortos não são encarados como divindades, mas são venerados com o objectivo de manter e reforçar os laços familiares, mantendo vivas através das gerações, na memória do indivíduo, a sua pertença para além do tempo.

JAPÃO

O SHINTOÍSMO

Pode ser visto como um conjunto de cultos devotados à Fertilidade e com a reverenciação à Natureza.

O Shintoísmo concede qualidades divinas aos elementos da natureza, ao sol, aos outros astros, aos rios, fontes, bosques, lagos, montanhas, pedras… privilegia e exalta a Beleza e Harmonia cósmica que se manifestam nos elementos naturais que o homem deve admirar, cultuar e preservar.

O culto à Natureza e a Heróis pode se feito em Santuários. O começo dos espaços sagrados é marcado pelo Torii – um portal constituído por dois suportes verticais encimados por dois horizontais.

Elementos divinos também são aspectos mais abstractos como o Crescimento, a Harmonia, a Beleza, a Criatividade. Assim como almas de indivíduos que se notabilizaram e a Família Imperial. Estes ‘Espíritos’ são os Kami.

Existe ainda um conceito muito importante no pensamento japonês: o Wabi-Sabi.
O Wabi-Sabi é a valorização estética da perfeição, presente numa certa imperfeição das coisas.

Esta ideia está ligada a uma estética centrada na aceitação e valorização da impermanência, imperfeição e incompletude (um exemplo será o da arte do Bonsai).

Este conceito japonês fundamental não provém tanto do Shintoísmo, mas de uma variação de Budismo (Mahayana) de carácter nipónico: o Budismo Zen.


O XAMANISMO

O Xamanismo é uma abordagem espiritual/mágica/religiosa que aparece transversalmente por todas as culturas humanas. Apresenta-se em estreita e íntima ligação com a Natureza.


O xamanismo procura estabelecer contacto com mundos e realidades paralelos, com o objectivo de restabelecer equilíbrios, curar e re-ordenar as realidades do ‘lado de cá’.

Os Xamãs entram em contacto com as realidades do Além através de Estados Alterados de Consciência (auto induzidos ou através do uso de substâncias alucinogénias). É assim que transcendem o Espaço e o Tempo e angariam auxílio para as sua comunidades.



NOTA: Os restantes povos da Ásia são influenciados a partir destas filosofias e matrizes culturais, principalmente a partir da China e da Índia.



O CRISTIANISMO

O Cristianismo é uma religião que tem a sua origem no Médio Oriente, de matriz semita, cujo fundador é Jesus de Nazaré, a quem os seus discípulos também chamam Cristo.

Os ensinamentos de Jesus resumem-se em: ‘Amar a Deus sobre todas as coisas e ao Próximo como a si mesmo’.

A morte de Jesus de Nazaré na Cruz adquire para os cristãos um papel central, a par da sua Ressurreição (corporal) .

A Liturgia Eucarística (Missa) tomada como Memorial da sua Morte e Ressurreição, tem um papel incontornável nas Igrejas Apostólicas que a celebram pelo menos uma vez por semana (Domingo).

É por isto que os objectos do culto cristão (alfaias litúrgicas) apresentam-se como objectos muito divulgados e a que os cristãos dão muita importância.


A Missão – propagação da Fé cristã - está intrinsecamente ligada ao cristianismo, dado que o próprio fundador a mandatou : ‘Fazei discípulos em todas as nações …’
Para os cristãos a expansão dos ensinamentos do Mestre Jesus são uma obrigação e estes devem Testemunhá-lo nem que seja até dando a vida (mártir quer dizer ‘testemunha’).


OBJECTIVOS da VISITA


- Contactar com o ‘outro lado’ do nosso mundo;

- Experienciar a diversidade mental e cultural;

- Ensaiar e estabelecer um Diálogo de Civilizações;

- Reconhecer o contributo das crenças do oriente para o momento actual em que estes povos se agigantam em termos industriais, tecnológicos e económicos;

- Consciencializar-se do papel das artes narrativas, performativas e sagradas como acções de Discurso e Argumentação Retórica.

CONCLUSÃO




Quando hoje olhamos para a Ásia, tomamos consciência, não só da sua grandiosidade no passado, mas que ela se ergue já nos nossos dias e se agiganta em direcção ao futuro.

Se olhámos para o Oriente como espaço físico e espiritual, berço de Filosofias e Religiões que mudaram o mundo - e são ainda hoje seguidas pela maioria dos habitantes do planeta - agora viramo-nos também para o Oriente numa perspectiva económica e tecnológica.

Mas se devemos ter em conta as condições materiais e políticas que conduziram estes povos até aqui, nos seus avanços tecnológicos, devemos também encarar e darmo-nos conta que existe uma preparação mental milenar que permite, a partir das crenças religiosas e espirituais, esta ascensão paradigmática e original, nomeadamente do Japão (no séc. XX), da China e da Índia (nos nossos dias) e que pode iluminar a nossa compreensão da determinação destes povos no referente à persistência no trabalho diligente e minucioso.

Se por vezes encaramos com admiração e surpresa a entrega silenciosa, aplicada e persistente por parte dos orientais ao trabalho e à família, então olhemos para os princípios do confucionismo, do taoísmo e do shintoísmo… e compreenderemos melhor o porquê de tanta entrega ao labor, sem espaço para o lazer e o descanso, sem espaço para projectos individuais.

Se nos espantamos com a capacidade de aceitação e resignação proverbial dos asiáticos, da sua recusa em contestar o trabalho desumano, escravizante, que aprisiona até as crianças, então pensemos na doutrina do Karma e na consequente aceitação de que ‘cada um tem o que merece’.
Numa certa perspectiva, frente ao karma, só noutra vida poderemos colher o que agora semeamos, assim como agora colhemos o que semeámos noutras vidas; todas as nossas condições actuais advêm, apenas e só, da nossa própria e exclusiva responsabilidade. Nesta perspectiva pode ser esvaziado o papel da solidariedade, da contestação e reivindicação por melhores condições de vida ou a recusa em procurar uma melhoria material levando à consequente aceitação das coisas tal como elas são impostas.







Novembro de 2008
Carlos Melo dos Reis
Formador Cidadania EFA- Docente Filosofia

2008-11-04

Breve história da retórica

A arte de bem falar sempre foi valorizada por todos os povos, embora com objectivos e aplicações diversas.
Esta aparece nos contos e Narrativas Orais, nas Sagas e nos Mitos, nos Relatos e Escrituras Sagrados, nos Louvores aos feitos dos soberanos e até, embora de forma tão breve e concisa, nos Epitáfios Tumulares.
No entanto, damos aos gregos um papel determinante no desenvolvimento da argumentação e da retórica.
Isto deve-se, não tanto aos poemas homéricos e ao fascínio que sempre tiveram pela palavra - aqui estão na mesma plataforma que muitos outros povos, como já referimos - mas porque ao dar-se na Grécia a progressiva substituição do poder oligárquico e de cariz monárquico pela Democracia, a Argumentação e a Retórica surgem como algo fundamental no exercício da democracia, a saber: o debate, a disputa verbal, o apelo ao apoio e ao voto dos eleitores.
A vida da Pólis (da Cidade) - a Política - passa obrigatoriamente pela palavra e pelo seu manuseamento. Na Ágora, nas Assembleias, nos Tribunais, o domínio do bem dizer, torna-se fundamental para alcançar poder, relevância, projecção... para garantir a existência política (isto é : relevância na Cidade).
Claro que surgem não só alguns dotados na arte do bem falar, mas também aparecem os que desejando poder, necessitam aprender a dizer as coisas 'devidamente', 'convenientemente'... E entre uns e outros aparecem Profissionais da Palavra e do saber Enciclopédico - afinal não basta dizer bem , mas há que garantir um vasto domínio de assuntos onde se possa exercer esse dominio do linguarejar!
É nesta situação política e cultural que surgem os Sofistas, esses profissionais da arte de Bem Falar, de vastíssima cultura e famosos por saberem contorcer os sentidos das palavras, sem se preocuparem muito com a verdade, a sua busca, ou o devido aprofundamento dos conteúdos do discurso.
Os Sofistas desenvolveram a retórica em diversas vertentes: técnicas persuasivas, técnicas para vencer disputas...
Com Aristóteles, discípulo de Platão ( e se este último abominava a retórica sofística !!) a retórica ganha ainda uma maior dimensão e sistematização e passa a ser uma das grandes marcas da cultura Clássica.
Com o surgimento e expansão do Cristianismo, embora num momento inicial tenha havido alguma suspeita e mesmo recusa, a retórica é colocada ao serviço da propagação desta nova fé e surgiram muitas escolas retóricas de gregos, latinos, e outros, que convertidos, colocam ao serviço da nova religião o que tinham aprendido ou exercido no respeitante à arte de bem falar.
Com o cristianismo, a arte de bem falar vai, com o avançar do período medieval, ficando cada vez mais centrada nos conteúdos da fé, circunscrever-se aos espaços sagrados dos templos e dos mosteiros.
O Renascimento leva, como em tudo o resto, a uma re-descoberta da retórica clássica aplicada a conteúdos mais profanos. Embora com os movimentos da Reforma e da Contra - Reforma se assista a um incremento da retórica e a uma mistura de conteúdos sagrados e profanos (carácter religioso e político).
Os monarcas absolutos e a aristocracia (séculos XVII e XVIII) vão colocar a retórica ao seu serviço: os monarcas na fundamentação das suas pretensões e os aristocratas vão promover um 'falar distinto' e muitíssimo elaborado.
Com a expansão do Método Científico e a exigência de exactidão e demonstração, a retórica vai perdendo terreno ao longo do século XIX até que volta a ser 'ressuscitada' no século passado por importantes filósofos.