2007-03-20

ESTÉTICA

Como sabes, o 'objecto' da Filosofia é 'a totalidade do real'...
Mas isto é muita coisa... por isso a filosofia divide-se em várias áreas para enfrentar de forma metódica e mais circunscrita o Todo que lhe coloca questões.


ESTÉTICA é um termo criado por Baumgarten, no século XVIII, segundo este autor seria o estudo da Sensação ( que se diz em grego 'aisthêsis').

A estética remete para as aparências e para as questões que elas levantam. Não as aparências que, tradicionalmente, opostas ao profundo, à essência das coisas, a filosofia rejeita por se querer radical... Quando falamos em aparência é em relação ao que nos aparece e provoca sensações, agradáveis ou desagradáveis, mas que dizem respeito a objectos em relação aos quais nós não ficamos indiferentes.

Por isto, falar em estética é falar em Arte. Não te parece que os objectos artísticos são surpreendentes?! Claro que podes não gostar, mas... não ficaste indiferente, pois não ?!

A estética está ligada pois, a uma vivência de carácter emocional, proveniente de objectos sensíveis, isto é: objectos aos quais temos acesso pelos sentidos.

A emoção estética refere-se a objectos - naturais ou produções artísticas - e às emoções que estes nos provocam num diálogo íntimo que podemos chamar 'contemplação'. Contemplar é 'olhar admirativamente'.


Mas atenção: a atitude estética foge a uma relação de utilidade - os objectos estéticos não servem 'para nada' - eles não existem para servir... mas para provocar emoções. No fundo também não visam fins cognitivos - pela mesma razão - não são brindes culturais, fontes de saber e cultura académica...

Olha à tua volta... começarás a compreender de que falamos quando se diz 'Estética'.

2007-03-14

Justiça e Igualdade na Diferença

" Seria ridículo defender que as pessoas devem ser absolutamente iguais em todos os aspectos. A completa uniformidade é pouco apelativa. Os igualitaristas não propõem um mundo povoado por clones.(...)
Assim, a igualdade é sempre relativa a certos aspectos e não a todos os aspectos. Assim, quando alguém afirma ser um igualitarista, é importante descobrir em que sentido o é. Por outras palavras, o termo 'igualdade', no contexto político, não quer dizer praticamente nada a não ser que exista uma explicação sobre o que devia ser partilhado de forma mais igualitária e por quem. Algumas das coisas que os igualitaristas defendem que devem ser igualitariamente, ou mais igualitariamente, distribuídas são o dinheiro, o acesso ao emprego e o poder político. Apesar dos gostos das pessoas diferirem consideravelmente, todas estas coisas podem contribuir significativamente para uma vida aprazível e que valha a pena. distribuir estes bens de forma mais igualitária é uma maneira de conceder igualdade de respeito a todos os seres humanos."
N. Warburton

Justiça Social e Igualdade de Oportunidades

"A distribuição natural não é nem justa nem injusta; tal como não é injusto que se nasça numa determinada posição social. Trata-se de simples factos naturais. A forma como as instituições lidam com estes factos é que pode ser justa ou injusta. As sociedades aristocráticas ou de casta são injustas porque fazem desta circunstância a base que determina as classes sociais mais ou menos fechadas e privilegiadas. A estrutura básica destas sociedades incorpora a arbitrariedade que encontramos na natureza. Mas não é necessário que o homem se resigne a tais contingências. O sistema social não é uma ordem imutável (...)."
J. Rawls
Uma Teoria da Justiça, Presença

ÉTICA da RESPONSABILIDADE

Decerto já ouviste o lamento "... e a culpa morre sempre solteira !" - a queixa reflecte esta problemática - a da responsabilidade, e a questão do(s) sujeito(s) da responsabilidade.
" A noção de responsabilidade abre-nos espaços novos e esta é a razão pela qual permite desenvolver a ideia de uma 'moral aberta'. Longe de ser inibidora, leva-nos à reflexão activa. Tomamos consciência de territórios que afastávamos até ao momento da nossa responsabilidade. Esta diligência é necessária.
Com efeito, entre os efeitos perversos que o reconhecimento da responsabilidade como referência moral pode induzir, deduz-se o principal da relação estreita que ela mantém com o poder e o seu território. A nossa sociedade está estruturada em territórios diversos que, por vezes, se enconbrem e nos quais, no melhor dos casos, cada um exerce responsabilidades .Mas existem zonas 'francas', ou seja, aspectos da nossa sociedade que parecem não assinalar qual quer responsabilidade: ou nenhum homem ou instituição aparece como responsável; ou um divertimento sobre outros responsáveis leva-nos à negligência. Pode tratar-se de espaços, de populações ou de objectos. Se forem interessantes, podem ser reinvindicados para ficarem sob tutela de um ou de outro. No caso contrário são deixados na ausência de herdeiros. Este estado de coisas deve solicitar as nossas consciências."
A. Etchegoyen
A Era dos Responsáveis, Difel
(Biblioteca, cota: 2444)

2007-03-13

JUSTIÇA SOCIAL

" A experiência da vida revela-nos na carne, até quando somos felizes, a realidade do sofrimento. Levar o outro a sério, pondo-nos no seu lugar, consiste não só em reconhecermos a sua dignidade de semelhante, mas também em sermos solidários com o seu sofrimento, com as infelicidades que por erro pessoal, acidente ou necessidades biológicas o afligem, como mais cedo ou mais tarde nos podem afligir a todos. Doenças, velhice, debilidade insuperável, abandono, perturbarções emocionais ou mentais, perdas do que é mais querido ou mais indispensável, ameaças ou agressões violentas por parte dos mais fortes ou dos menos escrupulosos...
Uma comunidade política desejável deve garantir dentro do possível a assistência comunitária aos que sofrem e a solidariedade aos que, por qualquer razão, pouco ou nada podem ajudar-se a si próprios. O difícil é conseguir que esta solidariedade e assistência não se faça à custa da liberdade e da dignidade da pessoa. "
F. Savater
Ética para um Jovem,
Ed. Presença, lisboa
(Está ao dispôr na nossa Biblioteca)

2007-03-07

ÉTICA da RESPONSABILIDADE

A Liberdade pressupõe Responsabilidade. Isto já tu sabes. Mas a questão que se levanta é a de saber que responsabilidade, até onde ela vai, em relação a quê e a quem...

" Entramos na época dos responsáveis, ou seja, neste mundo que mudou, podemos formular os nossos deveres para que ele se torne o nosso mundo: devem permitir-nos distinguir o bem do mal, aqui e agora, no limiar da acção, na tensão perante o futuro; enfim, é preciso ensiná-los, na família como na escola, para aprender a agir melhor, sem cair no pavor de uma moral desacreditada.
É preciso demonstrar tanto para o conceito como para a prática que a responsabilidade é a partir de agora 'o elemento essencial de toda a eficácia moral', como dizia Kant.
Por outro lado, demonstrar a inserção da responsabilidade num discurso moral do nosso tempo; por outro lado, formular melhor as nossas responsabilidades onde existimos, onde agimos separando-as de utilizações confusas que as obscurecem. "
Alain Etchegoyen
A Era dos Responsáveis,
Difel
( esta obra encontra-se na nossa biblioteca - 13 / 64 , 2444)

ÉTICA para o FUTURO

"Várias ambiguidades ou equívocos escondem-se contudo neste conceito de Direito das Gerações Vindouras. Em primeiro lugar , essas gerações não devem ser confundidas com os nossos filhos ou netos, mas atingem as gerações dos próximos séculos também; noutros termos, estamos a falar de seres que não só ainda não existem, mas que escapam totalmente ao nosso alcance mesmo indirecto (isto é, que nem sequer são previsíveis como podia ser a descendência futura dos nossos filhos). Em segundo lugar, os seres totalmente inexistentes não têm direitos; os direitos são recíprocos de deveres; quais podiam ser os deveres de seres inexistentes ? Neste sentido radical, as gerações futuras não têm nenhum direito propriamente dito e esta questão remete para outra questão seguinte: será que nós temos o direito de esgotar as reservas naturais e energéticas sem consideração para a situação do planeta Terra que vamos deixar às gerações futuras ?
(...)
(...) A questão será portanto: o que constitui como nosso dever a tarefa de preservar a vida humana na Terra. "
M. Renaud
Bioética, Ed. Verbo, Lisboa

2007-03-06

Aristóteles - O ESTADO

"As sociedades domésticas e os indivíduos, mais não são do que as partes integrantes da Cidade, totalmente subordinadas ao corpo na sua totalidade, perfeitamente distintas pelas suas capacidades e pelas suas funções e completamente inúteis se se separam, semelhante às mãos e aos pés que, uma vez separados do corpo, só conservam o nome e a aparência, sem qualquer realidade como acontece a uma mão de pedra. O mesmo se passa com os membros de uma Cidade; nenhum se pode bastar a si próprio. Quem quer que seja que não tenha necessidade dos outros homens ou que não seja capaz de viver em comunidade com eles ou é um deus ou um animal. Desta forma, a própria inclinação natural conduz todos os homens a este género de sociedade. "

Aristóteles


2007-03-05

Liberdade, Responsabilidade e Cidadania

" (...) Temos de nos defender da ideia rudimentar e simplista de que o homem livre seria um homem inteiramente independente de todos os outros homens e de qualquer circunstância. Isso seria um ponto de vista puramente abstracto(...). Se considerarmos o cidadão de um país livre, constatamos que está submetido a toda a espécie de deveres e obrigações (físicas, sociais, jurídicas, etc.). Não é cidadão a não ser nesta condição, e as pessoas estarão todas de acordo para dizer que, se ele tenta subtrair-se a estes deveres e obrigações é em nome de uma concepção falsa, ou pelo menos infantil, da liberdade (...). É preciso, aliás, acrescentar que um povo só permanece livre na medida em que os seus cidadãos aceitam com responsabilidade o cumprimento dos seus deveres."
G. Marcel